sexta-feira, outubro 17, 2014

Diário de bordo...FILHOS DO VENTO...23.09

ITAQUI

A última cidade! 




Como sempre, vamos direto para a praça. Como avistamos um pequeno restaurante ao lado é para lá que nos dirigimos para almoçar. Ligamos para nosso contato, Luciano Santos que diz que a praça em que estamos não é a da apresentação. Opa! Nos enganamos. Será a outra melhor do que esta? Sim! Outra praça central linda e arborizada. A cidade também tem arquitetura antiga, o hotel idem, parece mais uma pousada, inclusive com pátio central. Luciano nos recepciona com uma rosa para cada cigano (gentileza de nossa produtora, a querida Renata Batista, sempre lembrando desses detalhes amorosos). É, também, um dos agitadores culturais da cidade, uma simpatia. Outro que ficou feliz com a passagem dos Filhos do Vento.





Na praça a mesma rotina: os olhares curiosos, a expectativa.
Montamos bem próximo do Teatro Prezevodowisky, segundo informações, o mais antigo do Rio Grande do Sul.


Além do público ‘normal’ da praça, o professor Mário, poeta e dramaturgo da cidade, chega com um pequeno grupo de alunos. Curiosos, interessados, fechamento do Projeto Filhos do Vento com chave de ouro!

brincando de pousar pra foto...








À noite brindamos com vinho o encerramento da circulação e a nova amizade garimpada em terras gaúchas. Gratos Luciano!


público comemorando conosco o encerramento do projeto


No outro dia, pela manhã, fomos conhecer as instalações do Teatro.






Seguimos para Passo Fundo, numa viagem com um céu cheio de cores e nuances. Observando a paisagem, o céu, as nuvens, lembro-me de Quintana...




FIM!!!

Por Laércio Amaral


Diário de bordo...FILHOS DO VENTO... 22.09

SÃO BORJA


Chegando em São Borja já observamos a diferença na movimentação da cidade, na arquitetura. Uma cidade maior e bem mais antiga. E com muita história.

 


 Uma placa à entrada já identifica a “cidade primeira dos 7 povos das missões e a cidade dos presidentes (Getúlio Vargas, João Goulart, Ibsen Pinheiro – que assumiu interinamente a presidência em alguns momentos)”. Inclusive os restos mortais de Leonel Brizola estão ali, junto de sua esposa Neusa, nascida na cidade. Muita história.
Chegando à praça, Marlize, da Secretaria de Turismo já nos aborda, reconhecendo os Filhos do Vento plotado no nosso “vardo”. 


Marlize  com seu filho
É toda sorrisos e simpatia, fica feliz por termos escolhido sua cidade para nosso roteiro. Em seguida, nossa rotina: hotel, almoço, rápida “siesta”, deslocamento para a praça, escolha do melhor local, montagem.

Como todas as cidades pelas quais temos passado, a praça desta também é grande, organizada, arborizada. As pessoas circulam e já alguns são atraídos pela curiosidade do inusitado. Já vamos divulgando o que acontecerá mais à frente. É teatro, mas um teatro diferente...
Quando iniciamos a chamada e as funções há um pequeno público que vai se avolumando à medida que vão acontecendo as apresentações. Constatamos mais uma vez a atração que a curiosidade sobre as caixinhas exerce sobre os passantes, sobre o público espontâneo das ruas.






Não previmos adequadamente a descida do sol, e mesmo parcialmente protegidos pelas árvores, a inclinação de descida do astro-rei nos presenteou com uma boa aquecida. Foi uma função suada!

Cidade maior, mídia bem atuante. Fotógrafos vários, equipe de jornalismo da universidade local, assessoria de imprensa da prefeitura. Brincamos com a quantidade de “paparazzi“ nos “incomodando”...


Foi mais um ótimo dia de apresentações. Mas, à noite, comentamos que já sentimos o cansaço da maratona. Fomos jantar às margens do Rio Uruguai com a Alessandra (da Secretaria de Turismo) e o Élcio. Após, fizemos um breve passeio atravessando a ponte que faz a ligação Brasil-Argentina. Retornamos ao hotel satisfeitos por mais um dia venturoso.

Abaixo segue algumas imagens do belo registro da imprensa local, FlashSB.

Técnica de cultura do SESC , nos prestigiando

Esta senhora veio de um povoado distante 20 km, apenas para ver o teatro



Com  a equipe da Secretaria da cultura,  que nos recepcionou 




Com a turma da Secretaria de cultura e eventos, nossos queridos anfitriões em São Borja

Por Laércio Amaral
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Diário de bordo...FILHOS DO VENTO... 21.09

CERRO LARGO...

Chegando em Cerro Largo nos deparamos com uma pequena cidade, bonita e com uma praça central grande e arborizada. Normalmente somos atraídos à praça central onde iremos apresentar, por expectativa e curiosidade...


Em seguida nos dirigimos ao pequeno hotel. Antigo, bem organizado. Preserva um charme especial e um bom atendimento. Nosso contato na cidade , Janice, chega quase junto conosco ao hotel, uma boa coincidência (ficamos sempre atentos a essas pequenas sincronias como leves indícios de boa sorte).

Janice à direita 

Após o descarregar das malas, almoçamos, nos esticamos para uma curta “siesta” e em seguida vamos à praça escolher o local que nos pareça o mais adequado para a montagem. Parados à frente da prefeitura recebemos as boas vindas do seo Milton, que trabalha na segurança do paço municipal. Os bons sinais vão se somando.

Montamos nosso pequeno circo. O público chega, vai chegando devagarinho. E trazendo suas cadeiras dobráveis e o inseparável chimarrão. Vamos organizando as coisas e batendo um papo com a plateia que vai se somando. Idosos, jovens, adultos, crianças. Crianças trazendo seus cãezinhos em carrinhos de boneca. A praça é, normalmente, festiva.





Vem o Adriano, com sua dificuldade de fala e locomoção empurrando seu carrinho de supermercado adaptado para catar latinhas. Está curiosíssimo com o que vê e ficamos trocando algumas ideias, eu a entender o seu dialeto, ele a entender o meu.


E o público vem chegando. Mais cadeiras e mais cuias.
A pequena Cerro Largo nos surpreende com sua movimentação de domingo à tarde na praça e arredores. O dia ajuda e muito, o sol está a brilhar.

Começamos a função fazendo nossa tradicional abertura, bradando “os ciganos chegaram à (Cerro Largo)...”. Distribuímos as senhas, as crianças sempre se adiantando. Alguns adultos, curiosíssimos, sucumbem ao medo do mistério: ficam à espreita. Após a primeira rodada de apresentações, com tantos comentários, caras-bocas-sorrisos, os reticentes se encorajam e buscam agora entender que magia encantou os primeiros que se arriscaram.







Chamo Adriano, mesmo sem senha. Ele não quer se afastar do apoio de seu carrinho. Insisto, trago-o pela mão, ajudo-o a sentar-se no banquinho. Para ele é difícil, o corpo retorcido pouco ajuda, mas sei que a firmeza de minha mão o ampara e sei que ele sente e sabe. Durante a apresentação observo suas feições, tenho o privilégio de ver seus olhos. Ao terminar, ele me pede para ajudá-lo a levantar-se; vamos até seu carrinho. Ele me agradece ternamente, sempre sorrindo, e nos despedimos. Ele se volta mais uma vez e sorri...
Meu coração se alargou nestes cerros.


Findando as apresentações nos inserimos numa das rodas de chimarrão para curtir um mate e bater um papo com as pessoas que permanecem na praça. Uma delícia de tarde.

Outro anjo que se apresenta para nós é o Juca. Agitador cultural, um “rapaz eclético”, segundo ele mesmo. Nos auxilia na praça, fotografa e apanha depoimentos. É também nosso cicerone, nos acompanha ao café da tarde após a função e depois também ao jantar. E nos apresenta ao boteco das cervejas artesanais, para a comemoração de mais uma etapa cumprida.
Valeu Juca! Até o próximo encontro no estradar das artes... Ótimas lembranças de Cerro Largo.



Ao amanhecer, pé na estrada rumo a São Borja, nossa próxima etapa.

Por Laércio Amaral


Diário de bordo... FILHOS DO VENTO...Santa Rosa...17.09

Lambe Lambe Express

Opa! Chegamos a Santa Rosa...cidade grandinha perto das outras duas  que estivemos.
O Sol continua brilhando e a perspectiva de um uma bela apresentação está no ar.
Chegamos à Praça da Bandeira e assim que começamos a tirar as coisas do carro, aparecem duas prendas (designação para as mulheres que se vestem com vestidos específicos da tradição gaúcha) pra nos recepcionar. 
Era Daiane da Secretaria de Cultura e sua mãe que estavam vindo nos recepcionar e nos dar as boas vindas.


Os ciganos começam a armar sua tenda para o espetáculo!  Aparece então uma repórter muito atípica E, com um gravadorzinho de mão e sem nenhuma identificação, começa a nos entrevistar.  Vai fazendo perguntas muito engraçadas, e nós, sem saber direito o que estava se passando, vamos entrando no jogo e respondendo as perguntas mais irreverentes. Em seguida a Rádio local chega pra fazer uma entrevista ao vivo conosco diretamente da praça...opa!!! A assessoria de imprensa ta bombando!!!


                                                                                                              
Mas eis que uma surpresa nos é reservada para esse dia. De repente crianças muito pequenininhas começam a brotar da Praça da Bandeira e vamos nos perguntando o que elas vieram fazer ali. Talvez algo em comemoração à semana Farroupilha, ou um passeio pela praça numa tarde de sol. Mas o que não contávamos é que aquelas 100 crianças ou mais estavam ali pra ver o Teatro Lambe lambe.



Estado de choque em princípio. Conversa vai, coversa vem e a solução aparece.
 “Lambe lambe EXPRESS”. 
Verdade!!!  Decidimos fazer as histórias mais curtas do que elas já são pra podermos atender aquelas muitas carinhas curiosas querendo saber o que havia ali dentro daquelas caixinhas tão misteriosas.
 Foi tudo muito rápido, mas as crianças saíram da praça assim, satisfeitas e sorridentes. E nós, com mais uma possibilidade na manga.



A cidade de Santa Rosa nos recebeu muito bem. Estamos encantados com o povo gaúcho que, apesar daquele jeitão muito tradicional, é de um coração muito aberto. À noite demos uma passadinha no Centro Cívico onde tinha sido armado um ponto de encontro dos CTGs no qual abrigava a chama tradicional e também era servida uma janta típica e bem deliciosa. Jantamos um costelaço com aipim.







Nessas paragens ficaríamos mais 3 dias pois ainda faltava ministrar a Oficina nos próximos dois dias e, no sábado, ainda teríamos um dia de folga que resolvemos incluir na bagagem de Santa Rosa pois nesse dia 20  era o feriado estadual e os preparativos para o desfile tradicional já estavam a mil por hora.
A oficina foi ministrada nas instalações do SESC que ajudou nessa logística de espaço e divulgação.


















Tudo transcorreu tranquilo e no sábado de manhã houve o desfile, já que o tempo ajudou. Durante duas horas muitos GTGs e demais entidades contam através dos carros alegóricos e blocos a história dos imigrantes que vieram para essa região.
























Nossa passagem por Santa Rosa foi incrível. Povo hospitaleiro, tradicionalista e muito afetuoso.
Nesses caminhos e paragens, seguimos nós, os ciganos, levando um pouquinho de cada lugar dentro dos nossos corações e deixando um pouquinho de nossas histórias e mistérios.
O tempo vai passando e os ciganos continuam ventando pelos Pampas Gaúchos. Sábado é dia de folga e lá vamos nós para as Missões, conhecer um pouco mais sobre a história desse povo, dessa terra, desse tempo e desse vento.


Evoé!!!

Por Sandra Knoll